Sábado passado à tardinha, levantei após uma longa
crise de dor. Olheiras enormes e cansadas já que a fadiga crônica é crônica
mesmo. Peguei uma vassoura e fui varrer a frente do meu portão.
Para surpresa minha, uma senhora bondosa já estava
varrendo. Eu nunca a tinha visto pois geralmente falo pouco com vizinhos,
apenas cumprimento mesmo e devido minhas dores, nem sempre estou com pique para
conversar.
Batemos um bom papo. Ela disse que sempre me via
sair e chegar e sabe quando seus vizinhos não estão bem de saúde. Aproveitou e
veio limpar minha frente. Ajudei recolher o lixo e o adubo e ela me falou um
pouco da sua vida. Que gosta de ajudar e há 35 anos cuida de uma cunhada
deficiente na sua casa que não sai do quarto.
Expliquei para ela meu problema como fibromiálgico e
minhas limitações. Abri espaço para vizinhança e agradeci muito pelo ato
generoso.
Meditei na nossa trajetória de vida globalizada onde
vivemos cercados por muros e não paramos para conhecer ou falar com nosso
próximo. Na verdade a insegurança nos causa todo esse aparato de medo, prisão
em nossos próprios lares e afastamento de pessoas que não conhecemos.
Infelizmente não é legal pois ainda existem muitas
pessoas boas e com caráter modelo deixado pelo Criador. Capazes de estender
a mão ao próximo e oferecer em um mundo
consumista e interesseiro, um copo de água fria, um abraço ou socorro em
momentos necessários. Pessoas capazes de fazer a diferença em uma época em que se perdem os valores morais e éticos e onde cada um luta por si mesmo sem olhar o próximo como humano ou alguém com necessidades e sentimentos.
Foto: Robélyo Alves / essa senhora fica na entrada da Catedral Metropolitana de BRASILIA/DF. Ela é deficiente visual e me chamou muito atenção meu amigo parando para falar com ela.
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